MERCADOS EMERGENTES PROGRIDEM EM TERMOS DE POLÍTICAS E INVESTIMENTOS EM ENERGIA LIMPA, MAS AINDA SÃO NECESSÁRIOS TRILHÕES PARA ALCANÇAR NET-ZERO, SEGUNDO A BLOOMBERGNEF
Londres, 14 de novembro de 2024: economias em desenvolvimento estão registrando grandes avanços na transição energética, com investimentos em energia limpa e melhores condições políticas. No entanto, os mercados emergentes em geral precisam de muito mais investimento para cumprir as metas relativas às mudanças climáticas, sendo necessário um investimento médio de US$ 4,3 trilhões por ano até 2050, de acordo com os relatórios Emerging Markets Energy Investment Outlook e Climatescope da BloombergNEF (BNEF).
Em 2023, países de baixa e média renda investiram US$ 2,2 trilhões em seus sistemas de energia, um aumento de 35% em relação aos números de 2020. Este crescimento foi impulsionado, em grande parte, pela China, que investiu US$ 1,1 trilhão no ano passado, enquanto outros mercados emergentes ficaram para trás em termos de investimento em seus sistemas de energia, e em soluções para uma economia com baixa emissão de carbono.
Alcançar os objetivos do Acordo de Paris exigirá mais gastos, especialmente em tecnologias de transição energética, como veículos elétricos e energias renováveis. Em média, a China precisa de US$ 1,7 trilhão em investimentos anuais em sistemas de energia para alcançar zero emissões líquidas de carbono (net-zero) – 1,5 vezes mais do que a média para 2020-2023. As demais economias emergentes precisam de um total de US$ 2,6 trilhões por ano, 2,5 vezes mais do que a tendência histórica.
O relatório Emerging Markets Energy Investment Outlook foi solicitado pela Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ) a partir do projeto de Mobilização de Capital para Mercados Emergentes e Economias em Desenvolvimento, e baseia-se nas conclusões do New Energy Outlook da BNEF – em particular o Cenário Net Zero, que representa um caminho viável para zero emissões líquidas em todo o mundo até 2050 e limita o aquecimento planetário a 1,75Cº acima dos níveis pré-industriais.
Todos os mercados alocam muito mais investimento para tecnologias de baixo carbono no Cenário Net Zero do que fazem hoje. As soluções verdes representam 89% (US$ 1,5 trilhão por ano) do investimento da China entre 2024-2050, um aumento de 23% na participação observada nos últimos quatro anos. Como outros mercados emergentes têm sido mais lentos em aumentar os investimentos em transição energética, eles enfrentam uma lacuna maior entre a participação histórica de 5% e os 87% (US$ 2,2 trilhões por ano) necessários no Cenário Net Zero.
No total, os mercados emergentes, incluindo a China, investem US$ 115 trilhões em sistemas de energia entre 2024-2050 no Cenário Net Zero da BNEF.
Em vista do alto financiamento necessário, a avaliação anual do Climatescope da BNEF classifica 110 mercados emergentes em termos de atratividade de investimento em energia limpa. No que diz respeito à eletricidade, a Índia está em primeiro lugar pelo segundo ano consecutivo, de acordo com a nova edição do relatório. Ao mesmo tempo, a variabilidade ano a ano no ranking do Climatescope ilustra a rapidez com que a transição energética está se movendo e pode ganhar ritmo. O Quênia ficou entre os cinco primeiros graças a um salto de 15 posições no ranking, enquanto a Nigéria e a Namíbia subiram 24 e 48 posições, respectivamente, ficando entre os 10 maiores.
O número oficial de mercados emergentes com políticas de energia limpa atingiu um novo recorde este ano. Até junho de 2024, 95% dos mercados emergentes tiveram uma meta de energia limpa implementada; leilões e licitações agora estão disponíveis em quase dois terços dos mercados emergentes. E estas políticas estão funcionando: o investimento em energia limpa nestes mercados ultrapassou US$ 100 bilhões pela primeira vez em 2023.
Victoria Cuming, head of global policy na BloombergNEF e principal autora do Emerging Markets Energy Investment Outlook, disse: "O investimento em energia necessário para zero emissões líquidas é substancial, especialmente em energias renováveis, redes elétricas e veículos elétricos. Mas isso também representa uma oportunidade: para alguns setores, um caminho para net-zero exige menos gastos do que as tendências econômicas atuais, consequentemente, os mercados emergentes (excluindo a China) devem aumentar o investimento em tecnologias de baixo carbono ao longo do tempo".
Outras conclusões das análises da BNEF são:
- A maioria dos mercados emergentes com políticas de energia limpa está longe de atingir suas metas de energia limpa. Apenas 7% alcançaram suas metas definidas. Mais de 3/4 desses países apresentam uma lacuna média ou grande em relação aos seus objetivos, e apenas 9% estão perto de atingi-las.
- Há uma grande disparidade entre mercados emergentes quando se trata do progresso para uma economia de baixo carbono. Apesar do investimento recorde em energias renováveis no ano passado, 84% dos novos investimentos em energia limpa estavam concentrados em 15 mercados emergentes.
- Os mercados emergentes, excluindo a China, precisarão investir US$ 69 trilhões para alcançar net-zero até 2050. Isso inclui US$ 1,4 trilhão por ano em sistemas de demanda energética, como carros elétricos e bombas de calor, enquanto US$ 1,2 trilhão por ano devem ser direcionados para o lado da oferta, que inclui capacidade e armazenamento de energia, e redes elétricas.
Informações para a mídia
BloombergNEF
Oktavia Catsaros
ocatsaros@bloomberg.net
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